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Adorei essa edição! E esse report do Age of Relevance é muito bom 🖤

Eu tava conversando com uns colegas (maioria Z e early Y) esses dias e perguntei o que eles mais sentiam falta nesse contexto de redes sociais. As respostas vieram bem nostálgicas (claro hehe). Muita gente comentou sobre as comunidades do Orkut, dizendo que lá, além de se sentirem parte de algo perene (era um hábito entrar praticamente todo o dia e conversar nos fóruns), elas de fato marcavam de encontrar pessoas, trocavam contatos, faziam ligações. Fiquei pensando sobre. Hoje, parece difícil de enxergar o outro nesses contextos pra além de uma hashtag de uma estética ou vibe ou pin mental. É muito mais sobre a imagem desse “eu digital” que pega fragmentos de outros “eu digitais” e lança de volta pra esse contexto hiper-fragmentado. Acho que meu ponto é que hoje, a referência, o ponto de partida pra essa troca é sempre o eu. Não mais o nós. E aí é de fato difícil de enxergar comunidades no online. O Sartre tem um estudo “o ser e o nada” em que ele fala sobre a consciência e existência através de 3 conceitos: o ser em si, ser para si e ser para o outro. Ser-em-si: o ser das coisas, sem consciência, fixo.

Ser-para-si: o ser humano, consciente e livre, em constante mudança.

Ser-para-o-outro: o ser visto pelos outros, limitado pela percepção alheia. E parece que hoje, existe cada vez mais essa força do ser-para-o-outro, da gente como objetos (ser-em-si) pro outro. Como um pin, como um save, como uma imagem. Enfim, talvez as culturas, subculturas e contraculturas estejam em outros lugares fora da internet mesmo e, principalmente, fora desse black mirror que só projeta a nós mesmos.

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Orkut, você deixou saudades ♡ Me pergunto quais seriam as estratégias de marca se atualmente tivéssemos algo como o movimento das comunidades do Orkut. Seria mais fácil para as marcas navegarem entre os grupos ou a necessidade de usar uma máscara para se encaixar nas bolhas faria com que as ações de community management assumissem um papel mais centralizado?

Com o Bluesky, notei que existe uma premissa de comunidades com o "community handle", um identificador que aparece no domínio dos perfis e pode ser customizado para identificar os membros de uma mesma comunidade. Ainda não está claro se a rede pretende ampliar a estratégia de comunidades, mas é uma possibilidade para se diferenciar das gigantes que têm tornado tudo cada vez mais centrado no 'eu', em vez do grupo. Torço pra que essa diferença aconteça.

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nos últimos suspiros do Facebook eles tentaram criar uma campanha com foco nos grupos, tentando chamar a atenção do público mais jovem, mas foi um flop... twitter tentou fazer grupos também, mas simplesmente não pegou. vendo essas tentativas falhas até me questiono se as pessoas realmente querem participar de comunidades... o único exemplo que vejo que deu certo são grupos entre amigos no whatsapp/instagram e fóruns no discord, que geralmente tem um ponto de ligação importante (um cantor específico, algum jogo de videogame ou um diretor de filme, por exemplo). eu tentei participar do discord, mas fiquei com preguiça de administrar maaaaais uma rede social rs

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É verdade. Acho que a velocidade com que tudo acontece hoje é tão maior do que antes que se dedicar a comunidades demandaria muito tempo e energia.

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É realmente uma loucura como a ideia de comunidade se dissipou. Parece que praticamente não existe mais (acho que ainda há alguns exemplos que sim... mas são poucos! No meu grupo de amigos, que também gostam de música e trabalham com isso, temos um pouquinho disso).

Tenho 26 anos, e vejo que o fenômeno das estéticas e do tiktok realmente pega muito os jovens, principalmente dos 18-23 anos. É pouco tempo de distância de quem tem 26/27, indo para os 30, mas essa distância é visível. As bolhas virtuais, os estilos de roupa, o se considerar "coquette", "clean girl", etc, é praticamente uma identidade. Mas uma identidade que se distancia do grupo, do coletivo, da comunidade. E é tudo muito flutuante, muda a cada semana, mês, ano.

Tem um autor francês que fala um pouco sobre essa questão, o Michel Maffesoli, em "O tempo das tribos".

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sim! o curioso é lembrar que todos pensávamos que a internet nos conectaria mais entre comunidades, mas acabou que as novas gerações estão se desenvolvendo cada vez mais centradas a si mesmas (ou: egoístas). a identidade agora é mais individual. mas acredito que podemos pensar em formas de contornar isso e criar coletivos mais unidos... principalmente fora da internet. precisamos disso!

vou buscar sua recomendação de leitura, não conhecia, o título já me ganhou. obrigado pelo comentário :)

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